
Ambas. Ser do Porto (mais concretamente Gaia, mas para mim nunca houve diferença, até porque tinha/tenho família no Porto e hoje vivo no Porto) fez-me crescer habituado a contrariedades e a desafios. Ser portista é a melhor forma de afirmar que apesar dessas contrariedades, ou por causa das mesmas, somos lutadores e vencedores natos. No nosso país, onde se vive uma macrocefalia exagerada da capital, ser portista é ser rebelde, é ser contra o “establishment”, é provar que quando há oportunidades iguais, estamos preparados para ir “à luta” e vencer. Por isso, ser portista, vai bem comigo e a minha personalidade. A partir de certa altura na minha vida profissional, quando comecei a perceber tudo isto, pintei a minha vida de azul e branco de uma forma mais panfletária.
2 - Qual foi o jogo mais marcante que viste do F.C.Porto? Qual seria a sua banda sonora?
Um Porto-Benfica nas Antas, há muitos anos atrás. Era o último jogo do campeonato, fomos campeões e abriram a entrada do público para o relvado. Até comi relva! E levei alguma para casa, para plantar num vaso. Tive relva das Antas num vaso da varanda. Apesar de ser um cliché, a banda sonora poderia ser a música dos Queen - “We are the champions...” ou “puxando a brasa à sardinha”- o Invicta dos Mind da Gap.
3 - Qual o melhor onze da tua vida portista?
Divido-me entre o 11 que foi campeão nacional, europeu e intercontinental em 1987 e o 11 “do Mourinho” campeão nacional e europeu em 2003/2004. Os 11 do Porto revelam sempre uma qualidade que mais nenhuma equipa consegue (nem poderia) - coesão e união “à portista”, que lhes dá uma força anímica, uma energia combativa que é o “extra” de todos os 11 do FCP. Enquanto estão a jogar no FCP todos os jogadores são portistas.
4 - A invicta já inspirou os Mind da Gap para uma música. Para quando uma dedicatória ao F.C.Porto?
Somos os três Portistas convictos. Nada nos daria mais gosto. Mas teria que ser algo para o FCP, não uma música para um álbum nosso. O nosso público merece o nosso maior respeito, independentemente da filiação clubística. Portistas, ou não, são o nosso público. Fazer uma música desse género para um álbum nosso, seria alienar, de certa forma, os “não portistas”, o que não seria justo. Nos agradecimentos, deixamos sempre uma nota para o “nosso” Presidente e elementos das equipas (consoante a época) mais relevantes e não escondemos de ninguém a nossa fervorosa admiração pelo FCP, mas quanto a uma música, teria que ser para a claque - o que seria óptimo, a claque ter uma música para “entoar” que substituísse algumas das que “entoam” hoje e que não são de pessoas da nossa cidade. Se alguém de direito e/ou dever me está a ler, trocamos isso por uns lugares no estádio... (risos)
5 - Um dos teus grandes ofícios é a customização de sapatilhas e bonés. O F.C.Porto ou a invicta também servem de inspiração para algum deles?
O segundo par de ‘tilhas que customizei para mim mesmo chama-se “Dragon Skin Long Claws” (pele e garras de dragão). A pele tem gravada a ferro a textura da pele de dragão e de um lado figura um dragão e do outro, o caracter chinês para dragão (Long). Para além disso, entrei em contacto com um jogador do plantel do FCP para lhe oferecer uma customização, mas até agora, ainda não saímos da “conversa”. Tenho também uma tatuagem de um dragão num braço e do tal caracter chinês de dragão nas costas. A Invicta está dentro de mim, todo o dia, todos os dias - serve de inspiração para a vida.
Não, penso que não. O que o futebol separa, o hip hop reforça. Cada um é o reflexo de muitas influências que vive, uma das mais importantes sendo o sítio de que é oriundo. No futebol ou no hip hop, essa influência tem o mesmo resultado. Um rapper do Porto vê a realidade com os olhos de um invicto, um rapper lisboeta vê a mesma realidade com outros olhos.
7 - A cidade invicta desperta em nós todos os 5 sentidos. O F.C.Porto também tem esse efeito em ti?
O FCP é a nossa representação desportiva, futebolística. Mas é uma boa representação, fidedigna. No entanto, não deixa de ser uma representação. O FCP pertence ao Porto e aos portuenses/portistas. Mas a cidade... A cidade é um MUNDO!
8 - És uma das vozes musicais mais conhecidas do Porto. Consideras-te um bom guardião da invicta ?
9 - Se pudesses tirar apenas uma fotografia à cidade do Porto onde é que focavas a tua objectiva?
Subia ao mosteiro da serra do Pilar em Gaia e com uma grande angular, tentava apanhar o máximo da vista à minha frente. A tal “cascata sanjoanina”...
10 - Que jogador merece o dragão de ouro esta época?
11 - Jesualdo Ferreira merece continuar no nosso clube?
Um dragão no gabinete do presidente da câmara do Porto.
Fotos gentilmente cedidas pelo Ace