domingo, 29 de abril de 2007

Dormir na formatura

O Porto deu, na Rotunda da Boavista, todas as voltas que poderia dar até cair desfalecido no chão....ou acordar atarantado sem perceber por que o fizera. Fazer círculos contínuos sem objectividade e não encontrar uma saída para essa monotonia foi por demais exasperante. Muito tardiamente é que surgiram laivos de lucidez que prometeram solucionar o impasse. Porém, o atordoamento foi de tal ordem que revelou-se impossível emendar a tempo os pecados que se cometeram.

No derby da Invicta, o Boavista não surpreendeu. É sabido que por muito mal que jogue durante toda a temporada há sempre uma especialíssima reserva moral para defrontar o Porto, fazendo desse jogo o clímax de toda a estação. Do outro lado, o Porto parece ficar sempre meio atónito com a postura guerreira do Boavista, como se estranhasse a existência de mais clubes a jogar com a mística que a Cidade Invicta lhes concede. Além disso, o Estádio do Bessa é sempre o protótipo perfeito para avaliar o estado de duas forças antagónicas. A um sector repleto, rebentando pelas costuras, há a contrapor uma enorme quantidade de cadeiras sem dono. Clareiras que adensam a pequenez de uma colectividade que vive para neste jogo afrontar a superioridade azul na Invicta, tal como Astérix e Obélix viviam para enfrentar os Romanos.

Depois de nos habituar a sobressaltos nos segundos períodos, o Porto inovou no processo. Entrou com um relaxamento assustador, esperando que as camisolas vencessem o jogo por si. A paixão que emanava da bancada Norte não era suficiente para os contagiar numa abordagem entusiástica do jogo. Vencer sem lutar não é certamente um predicado ligado à História do FC Porto. Para vencer é preciso lutar até à exaustão e daí é que nascem igualmente os dignos vencidos: aqueles que se sacrificam, que batalham com honra mas por infelicidade não alcançam a vitória. Ontem, apenas Helton, Anderson, Lisandro e pouco mais foram dignos vencidos. Se há ambição de querer conquistar o bicampeonato há que imperar a firme convicção de ser capaz de entrar sempre com disposição de vencer todos os jogos. Neste derby, com as suas armas, só o Boavista demonstrou esse empenho. Assim, o Boavista já conquistou o seu campeonato. O Porto tem três finais para poder dizer o mesmo. Agora não há mais desculpas. É mais do que hora de se reiterar que um Campeão é-o em todos os jogos, não apenas quando dá jeito ou apetece sê-lo. Essa é a diferença entre o Porto e o Boavista. Aos do Bessa, basta vencer um grande uma vez por temporada para assim ganhar a sua guerra. Mas nós temos de lutar bravamente em todos os jogos para ganharmos a nossa. Faltam somente três combates.Faltam só três vitórias. Que se afirme plenamente a vontade de vencermos. Que neste último ataque ao título todos sejam dignos de ser lembrados como verdadeiros Campeões. Só há um lema a seguir: vencer, vencer e vencer.

sábado, 28 de abril de 2007

27ª Jornada da Liga: Boavista 2-1 FC Porto

Estádio do Bessa, Porto

Boavista: Jehle; Lucas, Ricardo Silva, Hélder Rosário e Mário Silva; Cissé (Essame, 90m), Tiago e Kazmierczak; Zé Manel, Linz (William, 71m) e Grzelak (Marquinho, 81m).

Treinador: Jaime Pacheco

FC Porto: Helton; Bosingwa, Ricardo Costa, Bruno Alves e Cech (Renteria, 74m); Meireles, Jorginho (Lisandro, 54m) e Lucho González; Quaresma, Postiga (Anderson, 46m) e Adriano.

Treinador: Jesualdo Ferreira

Marcadores: 1-0, Ricardo Silva (14m); 2-0, Zé Manel (50m); 2-1, Lucho (72m) g.p.

Disciplina: Amarelo a Bruno Alves (23m), Tiago (43m), Kazmierczak (46m), Jehle (65m e 69m) e Marquinho (90m). Vermelho por acumulação de amarelos a Jehle (69m).

Melhor em campo: Anderson

Hexacampeões!!!

O Porto sagrou-se hexacampeão nacional em hóquei em patins ao bater o Benfica por 5-0. Esta foi a terceira vitória no play-off e permitiu ao Porto comemorar um feito inédito nesta modalidade. Na primeira partida disputada há oito dias, em Fânzeres, o Porto venceu por 3-2 nos penalties. Quarta-Feira passada, na visita ao pavilhão da Luz o Porto venceu pelo mesmo resultado. Hoje, com um saldo final categórico, o Porto pôde finalmente festejar a sua superioridade de longa data no hóquei em patins português. Parabéns à secção de hóquei em patins do FC Porto.

sexta-feira, 27 de abril de 2007

Quando a caneta verte o sangue das veias (2)


Pronúncia do Norte

Há um prenúncio de morte
Lá do fundo de onde eu venho
Os antigos chamam-lhe renho
Novos ricos são má sorte

É a pronúncia do Norte
Os tontos chamam-lhe torpe

Hemisfério fraco outro forte
Meio-dia não sejas triste
A bússola não sei se existe
E o plano talvez aborte

Nem guerra, bairro ou corte
É a pronúncia do Norte

Não tenho barqueiro nem hei-de remar
Procuro caminhos novos para andar
Tolheste os ramos onde pousavam
Da geada as pérolas as fontes secaram

Corre um rio para o mar
E há um prenúncio de morte

E as teias que vidram nas janelas
Esperam um barco parecido com elas
Não tenho barqueiro nem hei-de remar
Procuro caminhos novos para andar

E é a pronúncia do Norte
Corre um rio para o mar

Rui Reininho

segunda-feira, 23 de abril de 2007

A cruz azul e branca

A cruz de Pinto da Costa é a mesma cruz que o Porto carrega: Presidente e Clube já conquistaram tudo o que havia para conquistar! No entanto, a sede de vencer continua bem vincada e presente. Pelo progresso, pelas vitórias, pela consolidação de um símbolo, a vitória de ontem serviu para provar que o FC Porto e Pinto da Costa estão mais vivos do que nunca. Uma vitória dedicada ao arquitecto daquilo que é hoje o FC Porto. Uma vitória para Pinto da Costa, pois claro.

Na partida de ontem houve um momento de profecia. O início do jogo deu a entender que tudo correria às mil maravilhas para o FC Porto. Notava-se que seria uma questão de tempo até que a fúria azul e branca despedaçasse a defesa belenense. De facto, os primeiros vinte minutos confirmaram isso. Duas dezenas de minutos em que o Porto assaltou a baliza de Marco, em que jogou intensa e apaixonadamente, em que criou oportunidades sucessivas de golo, em que concretizou por Adriano, em que deliciou a plateia azul e branca e a deixou inchada de orgulho.

Seguiu-se um momento de apreesão que culminou em alívio. Se o jogo se iniciara rápido e enérgico, os últimos vinte e cinco minutos foram potenciadores de orações capazes de ir contra o adormecimento quase total. É prática comum rezar e dormir em seguida, mas aqui convinha fazer exactamente o contrário: rezar para não dormir. Os salmos entoados pelos devotos do Dragão tentavam isso: ao mesmo tempo que se louvava os homens em campo tentava-se despertá-los para a missão que tinham de cumprir. O Belenenses, por sua vez, esquecia o cansaço da incontornável façanha de Quinta-Feira passada, em que garantiu o apuramento para a final da Taça de Portugal e consequente acesso à Taça UEFA da próxima época. Os minutos corriam vagarosos e os homens dos pastéis pareciam preparar uma revolta. Emanciparam-se no jogo e aproveitaram uma certa passividade dos guerreiros da Invicta, para trocarem a bola. Todavia, se alguma preocupação levitava no ar, ela pareceu evaporar-se quando o árbitro assinalou bem uma grande penalidade a favor do Porto. O cronómetro assinalava 45 minutos. Era, portanto, o momento ideal para Lucho González se encarregar de sossegar os corações tripeiros e injectar mais uma dose de confiança nas veias dos azuis e brancos. Lucho converteu o penalty e garantiu que o Porto sairia para o intervalo com uma vantagem confortável, fazendo crer que em breve se alcançaria o Paraíso e tudo à custa das boas prestações terrenas.

Iniciou-se a 2ª parte e, com ela, surgiu um segundo momento de desassossego que terminaria em consolo. Nivaldo vestiu a pele de diabo e castigou o Porto com um golo aos 50 minutos. Faltava uma eternidade para o fim do jogo. Estava mais do que visto que se o Porto continuasse com a mesma postura do final da 1ª parte, então iria assistir-se a uma longa e penosa caminhada com a cruz às costas. Por norma, o segundo período do jogo é o menos bom do Porto e o facto de ter de segurar uma vantagem mínima era sintomático das possíveis dificuldades por que podia passar. Porém, o Belenenses ficou-se por uma interessante troca de bola e pouco mais. Se bem que esse pouco mais podia ter tido consequências enormes. Apesar de o Porto não ter conseguido manter o nível exibicional do início da partida, foi criando boas jogadas e mais oportunidades de ampliar a vantagem. Em dois lances, Adriano atirou por duas vezes à barra. Depois de ter trabalhado bem em busca de um bom resultado, o Porto quase deitava tudo a perder no minuto 80. Numa desconcentração, Lucho González errou um passe e Fernando não enjeitou a possibilidade de seguir sozinho em direcção à baliza. Bosingwa ainda o tentou acompanhar, mas Fernando já se tinha adiantado o suficiente para rematar e fazer a bola passar a centímetros do poste esquerdo da baliza de Helton. Seguiu-se um momento arrepiante no Dragão. Numa altura em que o Beleneses podia ter arruinado a noite do Porto, o público chamou a si o protagonismo e não deixou cair os jogadores no desalento, nem no adormecimento, nem em nenhuma outra coisa menos positiva. Do minuto 80 até ao fim do jogo, assistiu-se a um verdadeiro momento de união entre a equipa e os adeptos. As gargantas portistas nem roucas pararam de apoiar o Porto. Essa pulsão positiva acabaria por estimular o Porto, que aos 86 minutos, sentenciaria definitivamente o jogo. Na sequência de um canto cobrado por Quaresma, Bruno Alves cabeceou para o fundo das redes de Costinha e selou a vitória do Porto.

Momento da verdade: o Porto foi a melhor equipa e ganhou justamente. Fernando ameaçou tornar-se numa cruz difícil de suportar. Quer pela injustiça que seria o empate, quer pela infelicidade de Lucho González. Mas o que começou bem, acabou de igual forma. O Porto venceu o clube da Cruz de Cristo e agora faltam mais quatro passos para estar concluída esta verdadeira profissão de fé. Todo o sofrimento será compensador se se alcançar a glória nestas últimas quatro passadas. Falta muito pouco para se descortinarem os segredos do destino. E por mais cruzes que sejam colocadas no nosso Clube e no nosso Presidente, haverá sempre vida para além delas.

domingo, 22 de abril de 2007

26ª Jornada da Liga: FC Porto 3-1 Belenenses

Estádio do Dragão, Porto

44 728 espectadores

FC Porto: Helton; Bosingwa, Ricardo Costa, Bruno Alves e Fucile; Raul Meireles (João Paulo, 89m), Lucho González e Jorginho (Anderson, 57m); Hélder Postiga (Lisandro López, 64m), Adriano e Quaresma.

Treinador: Jesualdo Ferreira

Belenenses: Marco Gonçalves (Costinha, 59m); Gaspar, Rolando, Nivaldo e Rodrigo Alvim; Sandro Gaúcho, Cândido Costa (Carlitos, 46m), Ruben Amorim (Fernando, 26m) e Zé Pedro; Dady e Silas.

Treinador: Jorge Jesus

Marcadores: 1-0, Adriano (9m); 2-0, Lucho González (45m, g.p.); 2-1, Nivaldo (50m); 3-1, Bruno Alves (86m)

Disciplina: Amarelo a Cândido Costa (28m), Marco Gonçalves (44m) e Rolando (66m)

Melhor em campo: Adriano

terça-feira, 17 de abril de 2007

Pinto da Costa: 25 inesquecíveis anos

Pinto da Costa completa hoje 25 anos na presidência do Futebol Clube do Porto. O dia 17 de Abril de 1982 transformou para sempre a vida do nosso Clube. Ao longo destes 25 anos muitas vitórias foram alcançadas e muitos dias de glória ficaram eternamente impressos no livro de memórias. Pinto da Costa assume-se como o mais antigo presidente de um clube em Portugal. E o reinado não termirará ainda. Prevê-se que nos próximos dias Pinto da Costa anuncie a sua recandidatura a mais três anos de mandato.

Neste quarto de século, Pinto da Costa conquistou 14 títulos de Campeão Nacional, 15 Supertaças e 9 Taças de Portugal. Internacionalmente, Pinto da Costa obteve duas Ligas dos Campeões, uma Supertaça Europeia, uma Taça UEFA e ainda duas Taças Intercontinentais. Refira-se que a primeira presença numa final europeia redundou numa derrota frente à Juventus na final da extinta Taça das Taças, na época 83/84.

Fora do futebol, Pinto da Costa também colecionou importantes troféus. Venceu, por exemplo, 15 Campeonatos Nacionais e duas Taças dos Campeões Europeus em Hóquei em Patins, naquela que constitui uma das modalidades mais queridas junto do público portista. Também o Andebol, o Basquetebol, o Boxe ou a Natação representaram uma boa fonte de troféus, que ajudam a reforçar a dinâmica de vitória de Jorge Nuno Pinto da Costa.

Mas a acção do carismático líder azul e branco não se resume apenas à conquista de troféus. O 33º Presidente da História do FC Porto está associado à fantástica obra de arquitectura que é o Estádio do Dragão. A par desta enormíssima façanha, Pinto da Costa está igualmente ligado ao nascimento do Centro de Treinos e Formação Desportiva PortoGaia. Foi ainda o responsável pela criação das Lojas Azuis, da Revista Dragões e dos prémios Dragões de Ouro. Nestes 25 anos muitas Casas e Delegações do FC Porto foram inauguradas em Portugal e no estrangeiro.

A obra de Pinto da Costa não deverá terminar sem antes inaugurar o novo pavilhão do FC Porto, que constituirá certamente uma das bases fundamentais do novo mandato. A par disso, mais títulos poderão ser adicionados aos já conquistados, preenchendo ainda mais o currículo de um dos maiores presidentes de clubes a nível mundial.

Pinto da Costa dedicou grande parte da sua vida ao FC Porto, onde chegou com apenas 20 anos de idade. Se há homens que lutam muitos anos e são muito bons, Pinto da Costa lutou toda uma vida e, por isso mesmo, deve ser considerado especial e indispensável por todos os portistas.

domingo, 15 de abril de 2007

A serenata dos Campeões

Quaresma escreveu a letra, Meireles colocou o papiro à frente de Adriano e o brasileiro deu o mote para a mancha azul cantar a uma só voz. Uma trova simples e curta que celebra a ambição de uma equipa. A ânsia de vencer foi imensa. O desejo de repetir os festejos do ano transacto foi legítimo. A cada jornada que se esgota mais perto ficamos de reconquistar o escudo que orgulhosamente carregamos no peito. Faltam cinco jogos para soltarmos o grito que é cada vez mais difícil de suster. Tudo porque nitidamente se percebeu desde o início do campeonato que o Porto é a equipa com mais qualidade na Liga portuguesa. Em Coimbra, foi escrita mais uma estrófe. Faltam mais cinco para finalizarmos o hino que queremos fazer ecoar de Norte a Sul de Portugal.

O Porto entrou no Cidade de Coimbra com uma alteração em relação ao jogo com o Setúbal. Ricardo Costa entrou para o lugar do lesionado Pepe. O capitão do Futebol Clube do Porto fez uma exibição regular ao lado de Bruno Alves. A escolha de Ricardo Costa foi a mais natural para render aquele que é justamente considerado o melhor defesa central a jogar em Portugal. Ricardo Costa não se atemorizou com a responsabilidade de substituir Pepe e esteve até em particular evidência ofensiva na área academista. Jesualdo Ferreira conta assim com uma opção credível para colmatar a ausência de Pepe.

O início do jogo só deu azul. Uma enorme explosão de azul em direcção às redes de Pedro Roma. O Porto entrou pujante, com a clara intenção de marcar o mais cedo possível. E só não conseguiu fazer balançar as redes nos primeiros momentos porque os postes fazem parte do jogo e, por norma, beneficiam quem defende. Com um pressing arrasador, o Porto empurrou a Académica para trás e rapidamente ganhou um canto. Na direita, Quaresma cruzou e Ricardo Costa cabeceou forte para Pedro Roma desviar por instinto contra o poste. Na sequência do lance, a bola sobrou para Lucho González que também atinge o ferro da baliza. Bem ao jeito do adágio, a bola haveria ainda de ter um terceiro encontro imediato com o poste da baliza da Académica. Na cobrança de um canto na esquerda, Quaresma tentou colocar a bola directamente na baliza. O esférico fez um arco, sobrevoou Pedro Roma e bateu no ferro esquerdo da baliza do português. Teimava em tardar o golo dos Campeões Nacionais, que mostravam futebol mais do que suficiente para estarem já em vantagem. Todavia, não demoraria muito até o exército da Invicta ter razões para comemorar. Mais um canto de Quaresma, a bola chega até Roma, que defende para a frente. Numa série de ressaltos, Postiga procura alvejar a baliza, mas a defesa da Briosa é mais lesta no alívio. Porém, dada a defeituosidade do mesmo, Bruno Alves, em posição frontal, fica senhor do esférico e chuta forte e sem hipóteses de defesa. Estava consumada a merecida vantagem dos azuis e brancos.

Na segunda parte, os ânimos refrearam um pouco. O Porto não teve o mesmo vigor do primeiro período mas mesmo assim detinha o comando das operações. Era à Académica que competia ir atrás do prejuízo. O Porto não renunciou completamente ao ataque como em situações semelhantes o fizera. E como recompensa dessa atitude recolheu, mais tarde, o proveito. Aos 70 minutos, Ricardo Quaresma não deixou a magia por cartolas alheias e inventou um cruzamento de letra que por si só merecia dar golo. Pois bem, a bola saiu impecavelmente bem tratada do pé direito do 7 do FCP e dirigiu-se a Raul Meireles. O recém-entrado médio do Porto tentou tratar a bola da melhor forma possível, mas conseguiu pouco mais do que despenteá-la. Acidentalmente a bola vem ter com Adriano que a remete para o sítio onde ela mais gosta de estar: no fundo das redes. Brilhante gesto técnico de Quaresma a ser correspondido pela eficiente finalização de Adriano. Se dúvidas existiam quanto há melhor equipa no terreno, elas ficaram desfeitas com o ampliar da contagem. O Porto conjugava uma boa exibição com um resultado que lhe permitia encarar o resto do jogo com relativa tranquilidade. E foi mesmo isso que aconteceu. O Porto prolongou a sua superioridade apesar de um contratempo aos 75 minutos. Os estudantes dispuseram de uma grande penalidade que Lino converteu. Assitiu-se a uma derradeira tentativa da Briosa chegar ao empate, mas refira-se, em abono da verdade, que foi o Porto a estar mais perto de avolumar o resultado do que propriamente a Académica de igualar. No minuto 90, Renteria acabado de entrar protagoniza uma jogada individual, obtém espaço para rematar à baliza e só o pé de Pedro Roma, em última instância, impediu o colombiano de festejar o golo.

Vitória justíssima do Porto que conseguiu mais três pontos vitais na luta para a revalidação do título. O exército da Invicta deu mais uma prova de fidelidade e deslocou-se massivamente à cidade do Mondego. E se Coimbra já possui encanto, mais o tem de azul e branco. Depois desta etapa, faltam cinco finais para o encantamento completo e esse sim é que verdadeiramente importa.

sábado, 14 de abril de 2007

25ª Jornada da Liga: Académica 1-2 FC Porto

Estádio Cidade de Coimbra

Académica: Pedro Roma; Sarmento, Kaká, Litos e Vitor Vinha (Miguel Pedro, 64m); Paulo Sérgio (Alexandre, 73m), Filipe Teixeira e Dame; Lino, Gyano (Roberto Brum, 46m) e Joeano.

Treinador: Manuel Machado

FC Porto: Helton; Bosingwa, Ricardo Costa, Bruno Alves e Fucile; Lucho González, Marek Cech e Jorginho (Raul Meireles, 66m); Quaresma, Postiga (Anderson, 76m)e Adriano (Renteria, 90m).

Treinador: Jesualdo Ferreira

Marcadores: 0-1, Bruno Alves (41m); 0-2, Adriano (70m); 1-2, Lino (75m) g.p.

Disciplina: Amarelo a Lucho González (15m), Bruno Alves (59m), Filipe Teixeira (61m), Roberto Brum (65m), Jorginho (66m), Cech (75m), Quaresma (82m), Fucile (83m) e Helton (90m).

Melhor em campo: Quaresma

domingo, 8 de abril de 2007

Sexta-Feira quase santa

Deu gosto ver o Porto regressar às goleadas. Foi bom saborear o retorno de Anderson. Jorginho cumpriu com distinção a sua função em campo. Em tempo de Aleluia, Hélder Postiga ressuscitou para os golos e Adriano mantém-se na peugada dos melhores marcadores da Liga. Jesualdo teve mérito ao montar uma equipa que fez esquecer as muitas ausências. Porém, o mister devia ter desconfiado das demasiadas benesses que estavam a ser concedidas. Nesta segunda volta, nada é assim tão fácil para os lados das Antas. Nem mesmo as goleadas.

Jesualdo foi obrigado a imaginar uma nova equipa para este jogo contra o Setúbal. A deslocação à Luz deixara mazelas em Raul Meireles e em Paulo Assunção, duas pedras nucleares no esquema de Jesualdo. Postiga e Cech entraram para as vagas dos dois médios. Lucho jogou a trinco, Cech e Jorginho ocuparam as posições centrais, enquanto Postiga jogou fletido para o lado direito do ataque. Mesmo tendo de fazer valer-se do improviso, Jesualdo Ferreira saiu-se bem nas escolhas que fez.

Na primeira parte, o Porto resolveu a partida. Fez quatro golos, o primeiro dos quais logo aos 6 minutos! Jorginho respondeu afirmativamente a uma trivela de Quaresma na esquerda. De cabeça, o brasileiro desbravou caminho às noites gordas do Campeão Nacional. Aos 16', após uma boa jogada de Cech, Jorginho assiste Adriano, que só tem de empurrar a bola para a baliza deserta. O terceiro golo é fruto de um bom trabalho de Postiga, aos 21 minutos. O internacional luso colocou fim a um longo jejum de golos. Aos 36', Adriano fez de cabeça o quarto golo do FCP, após ter sido solicitado por uma trivela de Quaresma na esquerda. 4-0 foi o resultado ao intervalo.

Esperava-se uma segunda metade tranquila, apesar dos acontecimentos paranormais que ocorrem ao Porto precisamente neste período do jogo. Mas este não foi infelizmente diferente. Jorginho deu o seu lugar a Anderson e curiosamente o Porto ressentiu-se dessa mudança. Não é que Anderson tenha jogado mal, pelo contrário, mas Jorginho estava num excelente momento. Merecia ter tido a oportunidade de continuar mais alguns minutos na partida. Todavia, o espectáculo tinha de continuar. E o espectáculo é obviamente Anderson. Notou-se que o brasileiro ainda não tem poder físico para pegar na bola a meio-campo e partir com ela até à baliza. Mas pegar no esférico à entrada da área já é um bom começo. Foi assim que Anderson marcou o seu primeiro golo no campeonato. O prodígio gaúcho ultrapassou um adversário e à saída do guarda-redes fez com engenho o seu golo, aos 76'. Antes de Anderson assinar o seu tento, Bruno Ribeiro apontou o golo de honra dos setubalenses ao 61º minuto. 5-1 foi o resultado final.

A segunda parte não foi bem jogada. Valeu pelo regresso de Anderson e pouco mais. Os golos da primeira metade encarregaram-se de estabelecer antecipadamente o vencedor. De certo modo, o Porto conseguiu com isso esquivar-se ao sofrimento que costuma marcar as segundas metades, pese embora a qualidade sofrível dos 45 minutos finais. Exigia-se um pouco mais. Se não foi pelo resultado que nunca esteve em causa na segunda parte, o Porto tem razões para se queixar da lesão que Pepe sofreu nos instantes finais da partida. Uma infelicidade que afastará o patrão da defesa portista por 4 semanas dos relvados.

Aqueles 90 minutos sem problemas eram bons demais para serem realidade. Decorrer tudo sem problemas não é o que tem acontecido neste Porto da segunda volta. Infelizmente, mais uma peça basilar do esquema de Jesualdo Ferreira é obrigada a parar por lesão. Desta vez foi Pepe a juntar-se a Pedro Emanuel, Ibson, Meireles, Assunção, Bruno Moraes, João Paulo, Renteria e ainda Lisandro, todos entregues ao departamento médico do FCP.

Na próxima semana, Jesualdo sabe que terá de imaginar uma nova equipa. A estratégia montada para este jogo contra o Vitória de Setúbal só não resultou em pleno porque não foi possível adivinhar a lesão de Pepe. Agora até Sábado há uma nova lição para estudar, tendo em mente a revalidação do título.

sexta-feira, 6 de abril de 2007

24ª Jornada da Liga: FC Porto 5-1 Setúbal

Estádio do Dragão, Porto

40 120 espectadores

FC Porto: Helton; Bosingwa, Pepe, Bruno Alves e Fucile; Lucho González (Lucas Mareque, 56m), Marek Cech e Jorginho (Anderson, 46m); Hélder Postiga, Adriano (Vieirinha, 66m) e Quaresma.

Treinador: Jesualdo Ferreira

Setúbal: Milojevic; Janício, Auri, N´Diaye e Bruno Ribeiro; Sandro, Binho (Kim Byong, 68m) e André Barreto; Varela, Amuneke (Mbamba, 46m) e Rui Dolores (Inzaghi, 64m).

Treinador: Carlos Cardoso

Disciplina: Amarelo a Bruno Ribeiro (53m), Mbamba (58m) e André Barreto (79m)

Marcadores: 1-0, Jorginho (4m); 2-0, Adriano (15m); 3-0, Hélder Postiga (20m); 4-0, Adriano (35m); 4-1, Bruno Ribeiro (61m); 5-1, Anderson (76m)

Melhor em campo: Marek Cech

segunda-feira, 2 de abril de 2007

Complexo de superioridade

E o Clássico da Luz deixou exactamente tudo na mesma em relação aos dois primeiros classificados. Fosse hoje dia 1 de Abril e ninguém acreditaria. A propaganda feita em torno do Benfica como virtual vencedor deste jogo e futuro Campeão Nacional não teve efeitos práticos. Afinal, os tipos da Invicta ainda não desaprenderam de jogar e fizeram o suficiente para se manterem no primeiro lugar e assegurarem a sobrevivência. Tomara a muitos que o tão badalado Inferno da Luz fosse o sítio ideal para infligir o castigo ao pecador FCP que nas últimas décadas ousou roubar a hegemonia do futebol português ao clube do povo da Catedral. Mas assim não foi. Ontem, o Porto não só não mostrou arrependimento pela superioridade evidenciada ao longo dos últimos tempos como quase garantia a sua entrada no Céu. Foi por muito pouco que os azuis da Invicta não garantiram os três pontos e faziam deste campeonato, mais uma vez, o seu. Um triz. O mesmo que levou a bola a embater em Lucho González e a encaminhar-se para o um igual no marcador. Não é mentira, o Porto é mesmo o grande culpado por ainda existirem hipóteses dos grandes de Lisboa se sagrarem campeões. O Porto não joga contra os outros. Semanalmente joga apenas contra si mesmo.

A primeira parte do Benfica-Porto fez lembrar a primeira volta deste campeonato 06/07. O Porto revelou-se ambicioso, com forte personalidade, jogando com garra, pressionando imediatamente o adversário que tinha a bola, ganhando a maioria das segundas bolas e olhando sempre a baliza adversária. Notou-se igualmente um forte sentido colectivo e uma boa circulação de bola. O Porto mostrava-se imperial no reduto das águias. O Benfica reservou o seu papel de espectador como fora durante a primeira volta do campeonato. Ao completo domínio do Porto, o Benfica tentava aproveitar-se do erro do adversário. Os encarnados esperavam que o Porto se fartasse de ser constantemente superior para recolherem os proveitos, quase como quem se alimenta das sobras que os outros esbanjam.

Jesualdo surpreendeu ao incluir Jorginho no onze, ao passo que Fernando Santos apresentou a sua equipa-tipo. O Porto adoptou o 4x4x2 em losângo com Jorginho no vértice mais avançado, reeditando um modelo que quase garantiu sucesso em Londres. Jorginho fez um bom jogo. Foi esforçado, trabalhou muito para a equipa, servindo bem os colegas. Acrescentou qualidade a uma equipa que foi a melhor no primeiro tempo. Essa superioridade exigia materialização. Aos 16 min., numa das melhores jogadas do encontro, Lucho faz um passe espectacular isolando Adriano. Cara a cara com Quim, Adriano tenta fintá-lo mas o guarda-redes benfiquista rouba a bola aos pés do brasileiro, numa fantástica intervenção. O golo do Porto só apareceria ao minuto 41. Na esquerda, Quaresma bateu um livre, a bola sobrevoou a área até chegar à cabeça de Pepe, que obriga o esférico a beijar as redes de Quim. Se na Luz já só se escutava a pronúncia do Norte, então a partir do golo de Pepe o coro da Invicta atingiu todo o seu esplendor.

Na segunda parte era expectável a avalanche sulista. Era o tudo ou o nada para eles. Do Porto esperava-se a mesma postura que tivera antes de recolher às cabines. Um Porto em busca do controlo de jogo, que o assumisse com carácter, mas que, em virtude de estar em vantagem, partisse com maior comedimento para o ataque. Pretendia-se uma eficiente circulação e controlo de bola, de modo a que pudéssemos defender o resultado com a bola nos nossos pés, em nosso poder. No entanto, algo se passa no subconsciente dos nossos jogadores. Se era previsível algum sofrimento pelas investidas encarnadas, jamais os portistas deveriam ter cedido tanto espaço para o Benfica jogar. Uma gritante falta de coragem para defender o mais à frente possível. Recuando, recuando, o Porto como que se anulou do jogo. Já com Rui Costa em campo, o Benfica beneficiou da qualidade de passe do seu 10 e ainda teve o bónus de ter bastante espaço para o fazer. As unidades do meio-campo deveriam ter sido as primeiras a estar de sobreaviso para o excesso de caranguejices por que derivavam.

Com o Benfica a atacar muito e perigosamente impunham-se mudanças na estrutura do Porto. Léo subia à vontade, criando superioridade numérica na ala esquerda, onde se encontrava um desamparado Bosingwa. Sem frescura, Jorginho não conseguia desempenhar eficazmente essa função e o meio-campo ressentia-se da lesão que obrigara Raul Meireles a abandonar as quatro linhas. Com Cech ainda frio era urgente tomar uma medida que fizesse estancar o avanço das unidades lisboetas. Renteria foi o escolhido para render Jorginho e tapar o flanco direito do FCP. O colombiano saiu-se mal nessa tarefa. Tudo continuou como antes. O dragões tinham de prolongar o seu sofrimento até onde fosse possível. Infelizmente, só foi possível até ao minuto 83. Na sequência de um livre na direita, Simão chutou para a área, David Luiz cabeceou e a bola foi ao poste. Lucho González assiste ingloriamente ao capricho da bola. Colocado praticamente em cima da linha de golo, o argentino só teve tempo para suster a respiração até que a bola lhe batesse no corpo e entrasse na baliza de Helton. Um golo que teve tanto de doloroso como de justo. Previam-se sete minutos finais animados, mas com tendência notória para um lado do campo. Curiosamente, a distribuição dos últimos cartuchos até não foi assim tão desequilibrada.

Aos 90 minutos e depois de cinco meses sem jogar, Anderson regressou aos relvados precisamente contra a última equipa que defrontou. Ocupou o posto de Quaresma e em poucos segundos quase tirava o protagonismo a todos os que já tinham corrido largos minutos. Após um lançamento lateral de Fucile para a área, a bola sobra para Anderson que, em posição frontal, chuta contra as pernas de Léo. Do outro lado preprava-se o assalto final à baliza de Helton. Cotando-se como um dos mais seguros elementos do FCP, Helton haveria ainda de mostrar porque é o número 1 da selecção do Brasil. Aos 90+2', Karagounis, na esquerda, cruza para Mantorras rematar violentamente de cabeça. Helton defende espectacularmente o cabeceamento do angolano, com uma palmada para canto. Mas o jogo não acabaria sem uma tentativa de desempate por parte do Porto. Cech arrancou a toda a velocidade do seu meio-campo, e ao aproximar-se da baliza de Quim, isola Renteria que chuta a rasar o poste. O colombiano, que passou completamente ao lado do jogo, quase que se tornava no herói acidental do embate.

Avaliando o que se passou em campo, o resultado é justo. Porém, dada a mostra de qualidade do Porto na 1ª parte, era perfeitamente dispensável o sofrimento da segunda. Se a 1ª parte do desafio foi uma metáfora da primeira volta do campeonato, a 2ª metade espelhou fielmente a derradeira etapa do mesmo. O Porto obtém a superioridade dos acontecimentos mas teimosamente não consegue mantê-la. Aos pontos de vantagem desperdiçados alia-se a dupla personalidade de cada encontro. Ora joga genialmente numa parte e deita tudo a perder na seguinte. A superioridade nunca deveria ser inibidora numa equipa de futebol que quer ser campeã. Pelo contrário, deveria ser uma fonte de estímulo para acentuar definitivamente as diferenças existentes em relação aos rivais. Que se olhe para as vitrinas da sala de troféus, que se repare na camisola que se veste, que se observe a Cidade que devotamente apoia. Deite-se assim o complexo para trás das costas. O Porto depende em exclusivo de si, para o melhor ou para o pior. Esperamos obviamente que não tenha mais complexo de ficar com o primeiro.


Nota final para os incidentes que envolveram adeptos do Porto. Todos os actos de violência são condenáveis. Os infractores devem ser punidos por tais atitudes, algo que está em marcha, prestes a concretizar-se. Espera-se é que não seja branqueada a responsabilidade dos engravatados a quem coube a tarefa de organizar o jogo. Sabida por demais da rivalidade explosiva entre Porto e Benfica foi de uma infelicidade total a colocação da falange portista no último anel do Estádio da Luz. E é de todo insensato comparar os Clássicos internos, onde a rivalidade é mais acentuada, com os jogos das competições europeias. Refira-se que, a exemplo das anteriores visitas do FCP ao Estádio da Luz, os adeptos portistas conheceram um diferente sector visitante. Dá a ideia que existia uma intenção da organização de jogos do SLB em proporcionar as piores condições possíveis aos adeptos do Porto. O resultado final foi lamentável. Que sejam apuradas responsabilidades de um lado e de outro. Mas todos sabemos que a corda parte sempre do lado mais fraco, ou seja, do lado dos adeptos. Independentemente da cor clubística que ostentem.

domingo, 1 de abril de 2007

23ª Jornada da Liga: Benfica 1-1 FC Porto

Estádio da Luz, Lisboa

SL Benfica: Quim, Nélson, David Luiz, Anderson e Léo; Petit, Katsouranis (Rui Costa, 46m) e Karagounis; Simão, Miccoli (Mantorras, 85m) e Nuno Gomes (Derlei, 70m).

Treinador: Fernando Santos

FC Porto: Helton, Bosingwa, Pepe, Bruno Alves e Fucile; Paulo Assunção, Lucho González e Raul Meireles (Cech, 59m); Jorginho (Renteria, 74m), Quaresma (Anderson, 90m) e Adriano.

Treinador: Jesualdo Ferreira

Disciplina: Amarelo a Bruno Alves (3m), Jorginho (37m), Petit (53m), Raul Meireles (57m), Lucho González (59m), Karagounis (84m), Quaresma (86m) e Cech (90m).

Marcadores: 0-1, Pepe (40m); 1-1, Lucho González p.b. (83m)

Melhor em campo: Pepe