quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Também nunca hás-de caminhar sozinho!

O FC Porto – Liverpool ficou tristemente marcado pelos assobios dirigidos por alguns supostos “adeptos” do FCP à sua própria equipa, durante e no fim da partida. Eu sou muito claro. Pessoalmente, achei inadmissível esse tipo de comportamento! Um empate com o Vice-Campeão da Europa nunca deveria ser motivo para apupos e nem o facto de o Liverpool ter estado reduzido a dez jogadores justifica esta atitude por parte de uma parcela dos adeptos do Porto. Manifesto o meu total repúdio pelos assobios que, na minha óptica, devem ser interpretados como uma falta de respeito desses “adeptos” para com o esforço e abnegação dos nossos atletas. Quem fere de modo tão leviano o símbolo do FC Porto é porque verdadeiramente não sente o clube. Quase apostava que esses que assobiaram só foram ao Dragão ontem porque o Liverpool, o tal Vice-Campeão da Europa, se deslocou à Invicta. Se fosse para ver um jogo com um clube de 2ª divisão ou se o tempo não estivesse de feição talvez ficassem em casa, que é o sítio onde todos os “adeptos do assobio” devem estar!

Quem realmente ama o Porto, ama-o sempre, nas vitórias, nas derrotas e nos empates. Um simples resultado não deve significar nada comparado com o sentimento que umbilicalmente nos deve unir ao clube. Unicamente importa que o Porto esteja sempre no sítio do costume, ou seja, na parte superior esquerda do nosso tronco, funcionando como razão do nosso viver! A grandeza de um clube também se mede pelos adeptos que tem. Adeptos que exigem mais do que amam não devem ser adeptos de clube nenhum do mundo! Só quem ama, tolera! Defendo a atitude dos jogadores no jogo de ontem, mas não sou advogado de defesa deles nem tão pouco idolatro os jogadores, amo é aquela camisola que trazem vestida. Por isso, respeito o trabalho deles, que é defenderem o melhor possível as nossas cores. Haverá um pingo de amor quando se assobia aquela camisola? Há que ter lucidez e sensibilidade suficientes para compreender que a infelicidade acontece a qualquer jogador, a qualquer treinador, a qualquer equipa. Há que saber perder, aceitar os resultados menos bons e nunca, mas nunca, deixar que isso interfira na forma como devemos viver o clube.

Em todas as vezes que me desloquei aos estádios para ver o Porto jogar, nunca assobiei um jogador sequer. Nunca! Desde miúdo que considero um privilégio, por motivos vários, poder estar presente a assistir ao vivo a um jogo da equipa do meu coração. Jamais conceberia estragar esses momentos solenes com apupos e assobios àqueles que defendem a “minha” camisola. Quando alguém vaia a sua própria equipa está a vaiar automaticamente a instituição e está igualmente a vaiar-se a si mesmo, enquanto parte integrante dessa mesma agremiação. Não chegará o desconforto, a indignação e a repugnância que sentimos quando vemos os nossos rivais tratarem mal o nosso emblema e os nossos jogadores? Honra a todos os que amam mais o clube do que os resultados.

Se amamos o Porto não é obrigatório querê-lo perfeito, precisamente porque o que sentimos deve sobrepor-se a isso. Eu amo o Porto por aquilo que ele é, não por aquilo que eu sou ou por aquilo que quero que o Porto seja. Eu estive, eu estou, eu estarei sempre com o Porto, independentemente de onde ele estiver (refiro-me à 2ª, 3ª ou quaisquer outras divisões), de como estiver (em 1º, 2º, 3º ou 10º, em crise de resultados, em séries vitoriosas consecutivas) e com quem estiver (seja este treinador ou seja outro, seja este presidente ou seja outro, sejam estes jogadores ou sejam outros).

Não exijam, amem. Se forem capazes de suportar os maiores infortúnios da equipa, então aí saberão que amam irredutivelmente o Porto. E, a partir desse momento, nada nem ninguém conseguirá abalar um amor que há-de ser eterno!

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