quarta-feira, 7 de maio de 2008

Quando a Caneta Verte o Sangue das Veias (10)

Cidade

Imensa, troglodita, ambiciosa,
vai a cidade até à praia;
perdeu no campo as rochas cor-de-rosa,
e o mar, se a busca, evita-a, não desmaia,
antes se ergue negro contra o desconforto.

O rio leva casas debruçadas
que já, com o tempo, foi cavando em arcos
de perfil sem cal, inclinado e morto...
e leva também barcos.

No céu, as nuvens correm desviadas,
enquanto o sol, em dardos, sobre o mar as crava.

Jorge de Sena

2 comentários:

dragao vila pouca disse...

Que bonita é a nossa cidade.Que belo poema e que bela foto.
Um abraço

Paulo Moreira disse...

Eu não sou muito adepto de poemas, mas já essa foto é espectacular.

cumprimentos