


Se na primeira parte Stojkovic foi o elemento leonino mais em evidência pelo perigo que rondou a sua baliza, no segundo período o guardião sérvio foi decisivo para as contas finais da partida. Aos 49’, Stojkovic brilha ao fazer parar um disparo forte de Postiga. O guarda-redes do Sporting, no entanto, não consegue segurar a bola, que sobra para Quaresma. O extremo portista precipita-se e rematou por cima da baliza Sul do Estádio do Dragão. O momento da partida estava reservado para o minuto 52, quando Stojkovic agarrou a bola após esta ter sido endossada por Polga, que efectuara um desarme a Postiga. Stojkovic cometeu um erro crasso que foi punido com um livre indirecto em cima da linha da pequena-área. O curioso é que Stojkovic tinha todo o tempo do mundo para ter aliviado a bola com os pés para qualquer lado do estádio. Porém, não o fez e ainda teve o desplante de ter tentado queimar tempo com o lance, esperando que Postiga o pressionasse para agarrar finalmente a bola com as mãos.
Na marcação do livre indirecto, o Porto num primeiro momento tomou o pulso à reacção defensiva dos leões. Com a barreira situada em cima da linha de golo, o Porto simulou que marcava o livre e Stojkovic lançou-se sobre a bola. Num segundo momento, quando tudo estava à espera que Lucho tocasse a bola para Quaresma estourar, o argentino pisou-a e deslocou-a para trás de si onde estava Raul Meireles, que fez tremer primeiro os jogadores do Sporting e finalmente fez tremer as redes da baliza do Sporting. O clube de Alvalade operou mudanças ao longo da segunda parte e conseguiu equilibrar o jogo em busca do empate. O Porto defendeu-se bem mas podia ter explorado melhor o contra-ataque, pois o Sporting atacava desesperadamente. O melhor que o Sporting fez na partida foi quando, ao minuto 88, Derlei rematou forte e Helton não conseguiu segurar a bola. O jogo acabaria instantes depois.
Resumindo, o Porto teve espírito de sacrifício, humildade e trabalhou em equipa. Foi mais inteligente durante a partida e mostrou atitude e futebol suficientes para vencer. Finalmente, não necessitou de contar com o génio de Quaresma para marcar. Desta feita, foi Raul Meireles a ser decisivo, o que terá eventualmente sido uma surpresa para Vukcevic, já que, durante a semana, o montenegrino afirmou que o FC Porto era Quaresma e mais dez unidades. Com vista privilegiada do banco de suplentes do Dragão, onde esteve durante grande parte do tempo, talvez Vukcevic tenha apreciado mais algum jogador para além de Quaresma e quiçá tenha mudado a sua opinião sobre o FCP. Todavia, seria interessante questioná-lo sobre o que ele pensa da equipa do Sporting actualmente. Será que se fosse questionado, Simon Vukcevic responderia que o Sporting é Stojkovic e mais dez?
«Jogar em casa, perante o nosso público e com o estádio cheio será certamente um incentivo-extra para nós. Sabemos que não vai ser fácil, pois o Sporting tem uma equipa forte, mas estou seguro de que temos condições para vencer. Acima de tudo, vamos tentar fazer um bom jogo e proporcionar aos adeptos um belo espectáculo.»
Pedro Emanuel in www.fcporto.pt
O campeonato começou da melhor maneira para o FC Porto. O clube da Invicta deslocou-se a Braga e alcançou o triunfo num terreno deveras difícil. Regra geral, o Braga é uma equipa que cria muitas dificuldades ao Porto, principalmente no seu reduto. A equipa arsenalista não contaria certamente que o Porto tivesse em Quaresma um atirador tão certeiro e detentor de um calibre tão potente e destrutivo.
O jogo foi muito agradável de se assistir. As duas equipas entraram em campo tendo como mira a baliza adversária. Quando assim é, o futebol só tem a ganhar, pois um jogo defensivo não interessa nem ao Menino Jesus. Assim sendo, a partida reuniu todos os condimentos para que o espectáculo fosse bom. O que felizmente aconteceu. Para bem do futebol e dos adeptos deste desporto.
O Porto foi fiel à sua identidade e cedo mostrou que queria a vitória. Tarik e Lucho entraram no onze, enquanto que Fucile (lesionado) e Lisandro (castigado!!!???) não foram opção para Jesualdo Ferreira. Os azuis e brancos fizeram uma primeira parte de grande nível e neutralizaram quase por completo o Braga. Quaresma não esqueceu a injustiça que o tolheu na Supertaça e vingou-se ontem com dois tiros que tiveram tanto de mortíferos como de espectaculares!
Aos 34’, na cobrança de um livre directo, Quaresma apontou, disparou, incendiou as mãos de Dani e fez sacudir violentamente as redes, para além de ter lançado o caos no sector portista presente no Municipal de Braga. Um tiraço de Quaresma a dar a vantagem ao Porto. No reatar das emoções, o Braga surpreendeu. João Pinto com um subtil desvio à entrada da pequena área restabeleceu o empate. O Porto procurou de todas as formas e feitios colocar-se novamente na posição de vencedor. Tanta labuta e determinação foram recompensadas, ao minuto 84, com o génio de Ricardo Quaresma. Quem mais?! Beneficiando de um livre descaído para o lado esquerdo do ataque portista, o 7 foi autor de mais um disparo absolutamente fantástico! Contando, desta vez, com a conivência dos postes. O Porto venceu porque foi melhor do que o Braga, trabalhou mais para ter os três pontos e claro retirou todos os dividendos de ter uma super-estrela como Ricardo Quaresma.
Desta vez, Quaresma não teve os postes como inimigos. Os ferros aliaram-se ao extremo portista e auxiliaram na vitória do Porto, desfazendo o empate. Começar a Liga com uma vitória em Braga tem o seu quê de importante para o futuro. No entanto, esta foi a primeira batalha de uma longa guerra. Nesta primeira ronda do esgrimir dos argumentos bélicos, o Porto deu mostras de estar bem apetrechado para lutar “contra tudo e contra todos”, como aliás já o tinha demonstrado na Supertaça. Apenas faltara calibrar a mira. Veremos como estará a pontaria no Domingo em novo clássico Porto-Sporting.
Jorge Costa esvaziou o seu cacifo do balneário há pouco tempo, mas emergem já saudades de o ver trajado a rigor. Melhor, engalanado com as insígnias do Futebol Clube do Porto. O tempo passa mas não coloca na penumbra quem brilhou e encheu o nosso museu de troféus. Jorge Costa está na galeria dos melhores atletas de sempre que envergaram as nossas vestes. Desafortunadamente, o Bicho não teve a despedida dos relvados com que certamente sonhou. Não foi ao ritmo da pronúncia do norte que fez o último desarme, nem era azul e branca a camisola que pela última vez despiu. Não teve a oportunidade de pessoalmente passar a braçadeira de Capitão e a mítica camisola nº 2. Não teve os abraços daqueles que lutaram com ele em todos os relvados do país e da Europa. Não acolheu de braços abertos à multidão todo o volume possível e imaginário de gratidão sonora e simbólica que seria debitada e materializada no palco do Dragão. Tantas memórias boas, tantas imagens de sucesso em que Jorge Costa aparece como protagonista, tanta raça e mística, tanto amor pelo emblema, tantos toques de lábios e impressões digitais que não sairão nunca das taças conquistadas, tanta coisa ainda por dizer mas o que se impunha não aconteceu. Foi pena. Jorge Costa não terminou uma etapa da sua vida no clube do seu coração, mas todos temos a consciência de que o grande Capitão não esquecerá nunca o Porto e todos os fiéis que apaixonadamente o idolatram.
O emblema do Porto ocupou o lugar do coração de Jorge Costa durante 13 épocas, numa carreira que teve 16 anos como profissional. Oriundo dos juvenis do FC Foz, Jorge Costa esteve no Marítimo e no Penafiel nos primeiros anos como sénior. Fixou-se no plantel portista na época 92/93, onde viria a formar duplas magníficas no centro da defesa do FC Porto. Fernando Couto, Aloísio e Ricardo Carvalho foram as pérolas que fizeram companhia ao grande Capitão. Em 97/98, João Pinto despedia-se do futebol e Jorge Costa herdava dele a histórica camisola nº 2 e a capitania da equipa. A capacidade de liderança, a coragem, o respeito, o carisma, a lealdade, a garra e a ambição foram qualidades que o elevaram à condição de símbolo do Porto. Referência para os adeptos e figura modelar para todos os jogadores que chegavam às Antas. Jorge Costa não era um futebolista convencional. Nunca se deixou seduzir pelas libras, liras, francos ou pesetas. Mostrou sempre uma grande fidelidade ao clube, não pactuando com a mercantilização que caracteriza o futebol contemporâneo. Quando recusou uma proposta milionária do Mónaco, Jorge Costa dava o passo decisivo para se tornar num dos maiores exemplos do futebolista que joga por amor à camisola. Se nesse período o defesa-central já gozava de enorme prestígio no reino do dragão, com o juramento de fidelidade ao Porto a sua cotação junto da torcida tocou o céu.
Jorge Costa desejava cumprir toda a sua actividade profissional no Porto. Só assim se entendiam as recusas em jogar noutras ligas europeias. No entanto, e porque ninguém sabe ao certo os caminhos onde a vida nos pode levar, Jorge Costa emigrou. Mesmo que essa não fosse a sua vontade. Primeiro, Octávio Machado obrigou-o a uma estadia em Londres no Charlton, emprestado pelo Porto durante um ano. Felizmente, regressou à Invicta bem a tempo de se tornar num dos heróis de Sevilha, de Gelsenkirchen ou de Tóquio. Todavia, nada dura para sempre e se se pensava que o Capitão preparava já a despedida com a camisola do Porto, Co Adriaanse elegera Jorge Costa como última opção para a defesa portista. Esta seria a segunda e definitiva despedida de Jorge Costa do Porto. Partiu para o Standard de Liège procurando retirar o derradeiro prazer de uma carreira fabulosa. A 5 de Outubro de 2006, Jorge Costa disse o adeus irreversível. Jorge Costa não foi azul e branco até ao fim mas a determinação, a glória, a capacidade de sofrimento (fez 5 operações aos joelhos), o exílio forçado, o amor pelo Porto e os títulos arrecadados transformaram o atleta e o homem numa eterna relíquia do clube.
Palmarés:
*Campeão de Portugal: 92/93, 94/95, 95/96, 96/97, 97/98, 98/99, 02/03 e 03/04
*Taça de Portugal: 93/94, 97/98, 99/00, 00/01 e 02/03
*Supertaça Cândido de Oliveira: 93/94, 94/95, 98/99, 99/00, 01/02, 03/04 e 04/05
*Taça UEFA: 02/03
*Liga dos Campeões: 03/04
*Taça Intercontinental: 04/05
*Campeão Mundial sub-20: 1991
No FC Porto-Estrela Vermelha a contar para o Torneio da Atalanta, Quaresma executou uma boa jogada e Adriano completou o lance com um espectacular pontapé de bicicleta. O Porto venceria por 1-0, num jogo que teve apenas 45 minutos.