domingo, 15 de abril de 2007

A serenata dos Campeões

Quaresma escreveu a letra, Meireles colocou o papiro à frente de Adriano e o brasileiro deu o mote para a mancha azul cantar a uma só voz. Uma trova simples e curta que celebra a ambição de uma equipa. A ânsia de vencer foi imensa. O desejo de repetir os festejos do ano transacto foi legítimo. A cada jornada que se esgota mais perto ficamos de reconquistar o escudo que orgulhosamente carregamos no peito. Faltam cinco jogos para soltarmos o grito que é cada vez mais difícil de suster. Tudo porque nitidamente se percebeu desde o início do campeonato que o Porto é a equipa com mais qualidade na Liga portuguesa. Em Coimbra, foi escrita mais uma estrófe. Faltam mais cinco para finalizarmos o hino que queremos fazer ecoar de Norte a Sul de Portugal.

O Porto entrou no Cidade de Coimbra com uma alteração em relação ao jogo com o Setúbal. Ricardo Costa entrou para o lugar do lesionado Pepe. O capitão do Futebol Clube do Porto fez uma exibição regular ao lado de Bruno Alves. A escolha de Ricardo Costa foi a mais natural para render aquele que é justamente considerado o melhor defesa central a jogar em Portugal. Ricardo Costa não se atemorizou com a responsabilidade de substituir Pepe e esteve até em particular evidência ofensiva na área academista. Jesualdo Ferreira conta assim com uma opção credível para colmatar a ausência de Pepe.

O início do jogo só deu azul. Uma enorme explosão de azul em direcção às redes de Pedro Roma. O Porto entrou pujante, com a clara intenção de marcar o mais cedo possível. E só não conseguiu fazer balançar as redes nos primeiros momentos porque os postes fazem parte do jogo e, por norma, beneficiam quem defende. Com um pressing arrasador, o Porto empurrou a Académica para trás e rapidamente ganhou um canto. Na direita, Quaresma cruzou e Ricardo Costa cabeceou forte para Pedro Roma desviar por instinto contra o poste. Na sequência do lance, a bola sobrou para Lucho González que também atinge o ferro da baliza. Bem ao jeito do adágio, a bola haveria ainda de ter um terceiro encontro imediato com o poste da baliza da Académica. Na cobrança de um canto na esquerda, Quaresma tentou colocar a bola directamente na baliza. O esférico fez um arco, sobrevoou Pedro Roma e bateu no ferro esquerdo da baliza do português. Teimava em tardar o golo dos Campeões Nacionais, que mostravam futebol mais do que suficiente para estarem já em vantagem. Todavia, não demoraria muito até o exército da Invicta ter razões para comemorar. Mais um canto de Quaresma, a bola chega até Roma, que defende para a frente. Numa série de ressaltos, Postiga procura alvejar a baliza, mas a defesa da Briosa é mais lesta no alívio. Porém, dada a defeituosidade do mesmo, Bruno Alves, em posição frontal, fica senhor do esférico e chuta forte e sem hipóteses de defesa. Estava consumada a merecida vantagem dos azuis e brancos.

Na segunda parte, os ânimos refrearam um pouco. O Porto não teve o mesmo vigor do primeiro período mas mesmo assim detinha o comando das operações. Era à Académica que competia ir atrás do prejuízo. O Porto não renunciou completamente ao ataque como em situações semelhantes o fizera. E como recompensa dessa atitude recolheu, mais tarde, o proveito. Aos 70 minutos, Ricardo Quaresma não deixou a magia por cartolas alheias e inventou um cruzamento de letra que por si só merecia dar golo. Pois bem, a bola saiu impecavelmente bem tratada do pé direito do 7 do FCP e dirigiu-se a Raul Meireles. O recém-entrado médio do Porto tentou tratar a bola da melhor forma possível, mas conseguiu pouco mais do que despenteá-la. Acidentalmente a bola vem ter com Adriano que a remete para o sítio onde ela mais gosta de estar: no fundo das redes. Brilhante gesto técnico de Quaresma a ser correspondido pela eficiente finalização de Adriano. Se dúvidas existiam quanto há melhor equipa no terreno, elas ficaram desfeitas com o ampliar da contagem. O Porto conjugava uma boa exibição com um resultado que lhe permitia encarar o resto do jogo com relativa tranquilidade. E foi mesmo isso que aconteceu. O Porto prolongou a sua superioridade apesar de um contratempo aos 75 minutos. Os estudantes dispuseram de uma grande penalidade que Lino converteu. Assitiu-se a uma derradeira tentativa da Briosa chegar ao empate, mas refira-se, em abono da verdade, que foi o Porto a estar mais perto de avolumar o resultado do que propriamente a Académica de igualar. No minuto 90, Renteria acabado de entrar protagoniza uma jogada individual, obtém espaço para rematar à baliza e só o pé de Pedro Roma, em última instância, impediu o colombiano de festejar o golo.

Vitória justíssima do Porto que conseguiu mais três pontos vitais na luta para a revalidação do título. O exército da Invicta deu mais uma prova de fidelidade e deslocou-se massivamente à cidade do Mondego. E se Coimbra já possui encanto, mais o tem de azul e branco. Depois desta etapa, faltam cinco finais para o encantamento completo e esse sim é que verdadeiramente importa.

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