segunda-feira, 5 de março de 2007

Regressos

Num sempre apetecível Porto-Braga, o clube da Invicta levou a melhor e continua líder da Liga portuguesa de futebol, para desconsolo de alguns. O Braga provou ser uma equipa muito competitiva, na senda do que vinha fazendo nos últimos cinco jogos com o Porto, em que nunca perdeu. Ateste-se, por isso, a importância da vitória. É notável o desenvolvimento do conjunto arsenalista. Faz mesmo lembrar aquela outra equipa minhota que traja de branco....em meados dos anos 90!

O jogo foi inquieto, bem jogado e de uma grande entrega da parte dos artistas. O 4º minuto de jogo parecia vaticinar a coroação de um lutador por excelência. Adriano não desistiu de uma bola que se julgava perdida, chegou primeiro que Paulo Santos, mas o desvio saiu ao lado da baliza do Braga. Nada que o fizesse apoquentar. Quem passou grande parte da temporada esperando uma oportunidade de ser titular, aguentaria certamente mais uns minutinhos de espera pelo alcançar da glória. Ora nem mais. Decorridos 10 min. de jogo, Adriano seguiu para a área do Braga aguardando pacientemente que os argentinos trabalhassem o lance para ele. Assim foi. Lisandro levou a bola pelo corredor esquerdo, entregou-a a Lucho que de primeira cruzou «à Quaresma». Adriano fez o papel de bom brasileiro. Ludibriou a marcação do defesa, recebeu a bola e prontamente disparou um forte remate que só as redes da baliza do Braga pararam. Adriano a deixar o seu cunho no jogo e a assinar 3 golos consecutivos em outros tantos jogos no campeonato.

O Braga que se dava bem com os ares do Dragão, ficava subitamente em desvantagem. Porém, não poupou esforços em desfazer esse resultado negativo. A oportunidade mais flagrante dos minhotos aconteceu ao minuto 31. Jorge Luiz descobriu Frechaut à entrada da área, endereçou-lhe a bola e o português rematou fortíssimo. Helton defendeu a bola para a frente e eis que surgiu, à queima-roupa, Zé Carlos para a recarga. Extraordinariamente, Helton defendeu a bola com o pé. No dia em que se realizou o funeral de um gigante das balizas, Manuel Bento, Helton protagonizou uma defesa "impossível". São estas paradas que potenciam mitos de luvas calçadas. E foi com o 1-0 que se recolheu aos balneários.

A 2ª parte começou na marca do meio-campo, mas quase principiava na marca de penalty da área do Braga. Luís Filipe cometeu falta merecedora de punição, após uma boa arrancada de Meireles. Chamado à cobrança, "El Capitán" permitiu que Paulo Santos tivesse asas para voar de encontro ao seu remate. Lisandro tentou redimir o compatriota, mas o Paulo Santos gorou a hipótese de soar um tango. Os guarda-redes de serviço portavam-se brilhantemente, como que se fosse essa a forma de prestarem homenagem ao homem que tão bem desempenhou aquela função. O Porto tentou levar adiante a ideia de ampliar a contagem. Por sua vez, o Braga empregou-se a fundo na tentativa de preservar a invencibilidade que possuía nos últimos cinco embates com o Porto. Porém, este jogo quis premiar a determinação de um guerreiro. Assim, os pés mágicos de Quaresma não foram o píncaro do jogo, Lisandro não marcou como o fez ultimamente, nem mesmo o Zé foi o do 'Gol'. O jogo já tinha escolhido Adriano para seu herói.

Este Porto-Braga fica indelevelmente marcado pelos regressos. De Jorge Costa. De Aloísio. De Adriano ao onze. Das vitórias contra o Braga. O resultado final foi magro, mas esta foi a equipa que nas últimas três partidas da Liga portuguesa apontou dez golos e não sofreu nenhum. O Porto ganhou por 1-0, mas assistimos a uma verdadeira goleada de humildade e perseverança de Adriano, o paciente brasileiro.

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