E o Clássico da Luz deixou exactamente tudo na mesma em relação aos dois primeiros classificados. Fosse hoje dia 1 de Abril e ninguém acreditaria. A propaganda feita em torno do Benfica como virtual vencedor deste jogo e futuro Campeão Nacional não teve efeitos práticos. Afinal, os tipos da Invicta ainda não desaprenderam de jogar e fizeram o suficiente para se manterem no primeiro lugar e assegurarem a sobrevivência. Tomara a muitos que o tão badalado Inferno da Luz fosse o sítio ideal para infligir o castigo ao pecador FCP que nas últimas décadas ousou roubar a hegemonia do futebol português ao clube do povo da Catedral. Mas assim não foi. Ontem, o Porto não só não mostrou arrependimento pela superioridade evidenciada ao longo dos últimos tempos como quase garantia a sua entrada no Céu. Foi por muito pouco que os azuis da Invicta não garantiram os três pontos e faziam deste campeonato, mais uma vez, o seu. Um triz. O mesmo que levou a bola a embater em Lucho González e a encaminhar-se para o um igual no marcador. Não é mentira, o Porto é mesmo o grande culpado por ainda existirem hipóteses dos grandes de Lisboa se sagrarem campeões. O Porto não joga contra os outros. Semanalmente joga apenas contra si mesmo.
A primeira parte do Benfica-Porto fez lembrar a primeira volta deste campeonato 06/07. O Porto revelou-se ambicioso, com forte personalidade, jogando com garra, pressionando imediatamente o adversário que tinha a bola, ganhando a maioria das segundas bolas e olhando sempre a baliza adversária. Notou-se igualmente um forte sentido colectivo e uma boa circulação de bola. O Porto mostrava-se imperial no reduto das águias. O Benfica reservou o seu papel de espectador como fora durante a primeira volta do campeonato. Ao completo domínio do Porto, o Benfica tentava aproveitar-se do erro do adversário. Os encarnados esperavam que o Porto se fartasse de ser constantemente superior para recolherem os proveitos, quase como quem se alimenta das sobras que os outros esbanjam.
Jesualdo surpreendeu ao incluir Jorginho no onze, ao passo que Fernando Santos apresentou a sua equipa-tipo. O Porto adoptou o 4x4x2 em losângo com Jorginho no vértice mais avançado, reeditando um modelo que quase garantiu sucesso em Londres. Jorginho fez um bom jogo. Foi esforçado, trabalhou muito para a equipa, servindo bem os colegas. Acrescentou qualidade a uma equipa que foi a melhor no primeiro tempo. Essa superioridade exigia materialização. Aos 16 min., numa das melhores jogadas do encontro, Lucho faz um passe espectacular isolando Adriano. Cara a cara com Quim, Adriano tenta fintá-lo mas o guarda-redes benfiquista rouba a bola aos pés do brasileiro, numa fantástica intervenção. O golo do Porto só apareceria ao minuto 41. Na esquerda, Quaresma bateu um livre, a bola sobrevoou a área até chegar à cabeça de Pepe, que obriga o esférico a beijar as redes de Quim. Se na Luz já só se escutava a pronúncia do Norte, então a partir do golo de Pepe o coro da Invicta atingiu todo o seu esplendor.
Na segunda parte era expectável a avalanche sulista. Era o tudo ou o nada para eles. Do Porto esperava-se a mesma postura que tivera antes de recolher às cabines. Um Porto em busca do controlo de jogo, que o assumisse com carácter, mas que, em virtude de estar em vantagem, partisse com maior comedimento para o ataque. Pretendia-se uma eficiente circulação e controlo de bola, de modo a que pudéssemos defender o resultado com a bola nos nossos pés, em nosso poder. No entanto, algo se passa no subconsciente dos nossos jogadores. Se era previsível algum sofrimento pelas investidas encarnadas, jamais os portistas deveriam ter cedido tanto espaço para o Benfica jogar. Uma gritante falta de coragem para defender o mais à frente possível. Recuando, recuando, o Porto como que se anulou do jogo. Já com Rui Costa em campo, o Benfica beneficiou da qualidade de passe do seu 10 e ainda teve o bónus de ter bastante espaço para o fazer. As unidades do meio-campo deveriam ter sido as primeiras a estar de sobreaviso para o excesso de caranguejices por que derivavam.
Com o Benfica a atacar muito e perigosamente impunham-se mudanças na estrutura do Porto. Léo subia à vontade, criando superioridade numérica na ala esquerda, onde se encontrava um desamparado Bosingwa. Sem frescura, Jorginho não conseguia desempenhar eficazmente essa função e o meio-campo ressentia-se da lesão que obrigara Raul Meireles a abandonar as quatro linhas. Com Cech ainda frio era urgente tomar uma medida que fizesse estancar o avanço das unidades lisboetas. Renteria foi o escolhido para render Jorginho e tapar o flanco direito do FCP. O colombiano saiu-se mal nessa tarefa. Tudo continuou como antes. O dragões tinham de prolongar o seu sofrimento até onde fosse possível. Infelizmente, só foi possível até ao minuto 83. Na sequência de um livre na direita, Simão chutou para a área, David Luiz cabeceou e a bola foi ao poste. Lucho González assiste ingloriamente ao capricho da bola. Colocado praticamente em cima da linha de golo, o argentino só teve tempo para suster a respiração até que a bola lhe batesse no corpo e entrasse na baliza de Helton. Um golo que teve tanto de doloroso como de justo. Previam-se sete minutos finais animados, mas com tendência notória para um lado do campo. Curiosamente, a distribuição dos últimos cartuchos até não foi assim tão desequilibrada.
Aos 90 minutos e depois de cinco meses sem jogar, Anderson regressou aos relvados precisamente contra a última equipa que defrontou. Ocupou o posto de Quaresma e em poucos segundos quase tirava o protagonismo a todos os que já tinham corrido largos minutos. Após um lançamento lateral de Fucile para a área, a bola sobra para Anderson que, em posição frontal, chuta contra as pernas de Léo. Do outro lado preprava-se o assalto final à baliza de Helton. Cotando-se como um dos mais seguros elementos do FCP, Helton haveria ainda de mostrar porque é o número 1 da selecção do Brasil. Aos 90+2', Karagounis, na esquerda, cruza para Mantorras rematar violentamente de cabeça. Helton defende espectacularmente o cabeceamento do angolano, com uma palmada para canto. Mas o jogo não acabaria sem uma tentativa de desempate por parte do Porto. Cech arrancou a toda a velocidade do seu meio-campo, e ao aproximar-se da baliza de Quim, isola Renteria que chuta a rasar o poste. O colombiano, que passou completamente ao lado do jogo, quase que se tornava no herói acidental do embate.
Avaliando o que se passou em campo, o resultado é justo. Porém, dada a mostra de qualidade do Porto na 1ª parte, era perfeitamente dispensável o sofrimento da segunda. Se a 1ª parte do desafio foi uma metáfora da primeira volta do campeonato, a 2ª metade espelhou fielmente a derradeira etapa do mesmo. O Porto obtém a superioridade dos acontecimentos mas teimosamente não consegue mantê-la. Aos pontos de vantagem desperdiçados alia-se a dupla personalidade de cada encontro. Ora joga genialmente numa parte e deita tudo a perder na seguinte. A superioridade nunca deveria ser inibidora numa equipa de futebol que quer ser campeã. Pelo contrário, deveria ser uma fonte de estímulo para acentuar definitivamente as diferenças existentes em relação aos rivais. Que se olhe para as vitrinas da sala de troféus, que se repare na camisola que se veste, que se observe a Cidade que devotamente apoia. Deite-se assim o complexo para trás das costas. O Porto depende em exclusivo de si, para o melhor ou para o pior. Esperamos obviamente que não tenha mais complexo de ficar com o primeiro.
Nota final para os incidentes que envolveram adeptos do Porto. Todos os actos de violência são condenáveis. Os infractores devem ser punidos por tais atitudes, algo que está em marcha, prestes a concretizar-se. Espera-se é que não seja branqueada a responsabilidade dos engravatados a quem coube a tarefa de organizar o jogo. Sabida por demais da rivalidade explosiva entre Porto e Benfica foi de uma infelicidade total a colocação da falange portista no último anel do Estádio da Luz. E é de todo insensato comparar os Clássicos internos, onde a rivalidade é mais acentuada, com os jogos das competições europeias. Refira-se que, a exemplo das anteriores visitas do FCP ao Estádio da Luz, os adeptos portistas conheceram um diferente sector visitante. Dá a ideia que existia uma intenção da organização de jogos do SLB em proporcionar as piores condições possíveis aos adeptos do Porto. O resultado final foi lamentável. Que sejam apuradas responsabilidades de um lado e de outro. Mas todos sabemos que a corda parte sempre do lado mais fraco, ou seja, do lado dos adeptos. Independentemente da cor clubística que ostentem.
A primeira parte do Benfica-Porto fez lembrar a primeira volta deste campeonato 06/07. O Porto revelou-se ambicioso, com forte personalidade, jogando com garra, pressionando imediatamente o adversário que tinha a bola, ganhando a maioria das segundas bolas e olhando sempre a baliza adversária. Notou-se igualmente um forte sentido colectivo e uma boa circulação de bola. O Porto mostrava-se imperial no reduto das águias. O Benfica reservou o seu papel de espectador como fora durante a primeira volta do campeonato. Ao completo domínio do Porto, o Benfica tentava aproveitar-se do erro do adversário. Os encarnados esperavam que o Porto se fartasse de ser constantemente superior para recolherem os proveitos, quase como quem se alimenta das sobras que os outros esbanjam.
Jesualdo surpreendeu ao incluir Jorginho no onze, ao passo que Fernando Santos apresentou a sua equipa-tipo. O Porto adoptou o 4x4x2 em losângo com Jorginho no vértice mais avançado, reeditando um modelo que quase garantiu sucesso em Londres. Jorginho fez um bom jogo. Foi esforçado, trabalhou muito para a equipa, servindo bem os colegas. Acrescentou qualidade a uma equipa que foi a melhor no primeiro tempo. Essa superioridade exigia materialização. Aos 16 min., numa das melhores jogadas do encontro, Lucho faz um passe espectacular isolando Adriano. Cara a cara com Quim, Adriano tenta fintá-lo mas o guarda-redes benfiquista rouba a bola aos pés do brasileiro, numa fantástica intervenção. O golo do Porto só apareceria ao minuto 41. Na esquerda, Quaresma bateu um livre, a bola sobrevoou a área até chegar à cabeça de Pepe, que obriga o esférico a beijar as redes de Quim. Se na Luz já só se escutava a pronúncia do Norte, então a partir do golo de Pepe o coro da Invicta atingiu todo o seu esplendor.
Na segunda parte era expectável a avalanche sulista. Era o tudo ou o nada para eles. Do Porto esperava-se a mesma postura que tivera antes de recolher às cabines. Um Porto em busca do controlo de jogo, que o assumisse com carácter, mas que, em virtude de estar em vantagem, partisse com maior comedimento para o ataque. Pretendia-se uma eficiente circulação e controlo de bola, de modo a que pudéssemos defender o resultado com a bola nos nossos pés, em nosso poder. No entanto, algo se passa no subconsciente dos nossos jogadores. Se era previsível algum sofrimento pelas investidas encarnadas, jamais os portistas deveriam ter cedido tanto espaço para o Benfica jogar. Uma gritante falta de coragem para defender o mais à frente possível. Recuando, recuando, o Porto como que se anulou do jogo. Já com Rui Costa em campo, o Benfica beneficiou da qualidade de passe do seu 10 e ainda teve o bónus de ter bastante espaço para o fazer. As unidades do meio-campo deveriam ter sido as primeiras a estar de sobreaviso para o excesso de caranguejices por que derivavam.
Com o Benfica a atacar muito e perigosamente impunham-se mudanças na estrutura do Porto. Léo subia à vontade, criando superioridade numérica na ala esquerda, onde se encontrava um desamparado Bosingwa. Sem frescura, Jorginho não conseguia desempenhar eficazmente essa função e o meio-campo ressentia-se da lesão que obrigara Raul Meireles a abandonar as quatro linhas. Com Cech ainda frio era urgente tomar uma medida que fizesse estancar o avanço das unidades lisboetas. Renteria foi o escolhido para render Jorginho e tapar o flanco direito do FCP. O colombiano saiu-se mal nessa tarefa. Tudo continuou como antes. O dragões tinham de prolongar o seu sofrimento até onde fosse possível. Infelizmente, só foi possível até ao minuto 83. Na sequência de um livre na direita, Simão chutou para a área, David Luiz cabeceou e a bola foi ao poste. Lucho González assiste ingloriamente ao capricho da bola. Colocado praticamente em cima da linha de golo, o argentino só teve tempo para suster a respiração até que a bola lhe batesse no corpo e entrasse na baliza de Helton. Um golo que teve tanto de doloroso como de justo. Previam-se sete minutos finais animados, mas com tendência notória para um lado do campo. Curiosamente, a distribuição dos últimos cartuchos até não foi assim tão desequilibrada.
Aos 90 minutos e depois de cinco meses sem jogar, Anderson regressou aos relvados precisamente contra a última equipa que defrontou. Ocupou o posto de Quaresma e em poucos segundos quase tirava o protagonismo a todos os que já tinham corrido largos minutos. Após um lançamento lateral de Fucile para a área, a bola sobra para Anderson que, em posição frontal, chuta contra as pernas de Léo. Do outro lado preprava-se o assalto final à baliza de Helton. Cotando-se como um dos mais seguros elementos do FCP, Helton haveria ainda de mostrar porque é o número 1 da selecção do Brasil. Aos 90+2', Karagounis, na esquerda, cruza para Mantorras rematar violentamente de cabeça. Helton defende espectacularmente o cabeceamento do angolano, com uma palmada para canto. Mas o jogo não acabaria sem uma tentativa de desempate por parte do Porto. Cech arrancou a toda a velocidade do seu meio-campo, e ao aproximar-se da baliza de Quim, isola Renteria que chuta a rasar o poste. O colombiano, que passou completamente ao lado do jogo, quase que se tornava no herói acidental do embate.
Avaliando o que se passou em campo, o resultado é justo. Porém, dada a mostra de qualidade do Porto na 1ª parte, era perfeitamente dispensável o sofrimento da segunda. Se a 1ª parte do desafio foi uma metáfora da primeira volta do campeonato, a 2ª metade espelhou fielmente a derradeira etapa do mesmo. O Porto obtém a superioridade dos acontecimentos mas teimosamente não consegue mantê-la. Aos pontos de vantagem desperdiçados alia-se a dupla personalidade de cada encontro. Ora joga genialmente numa parte e deita tudo a perder na seguinte. A superioridade nunca deveria ser inibidora numa equipa de futebol que quer ser campeã. Pelo contrário, deveria ser uma fonte de estímulo para acentuar definitivamente as diferenças existentes em relação aos rivais. Que se olhe para as vitrinas da sala de troféus, que se repare na camisola que se veste, que se observe a Cidade que devotamente apoia. Deite-se assim o complexo para trás das costas. O Porto depende em exclusivo de si, para o melhor ou para o pior. Esperamos obviamente que não tenha mais complexo de ficar com o primeiro.
Nota final para os incidentes que envolveram adeptos do Porto. Todos os actos de violência são condenáveis. Os infractores devem ser punidos por tais atitudes, algo que está em marcha, prestes a concretizar-se. Espera-se é que não seja branqueada a responsabilidade dos engravatados a quem coube a tarefa de organizar o jogo. Sabida por demais da rivalidade explosiva entre Porto e Benfica foi de uma infelicidade total a colocação da falange portista no último anel do Estádio da Luz. E é de todo insensato comparar os Clássicos internos, onde a rivalidade é mais acentuada, com os jogos das competições europeias. Refira-se que, a exemplo das anteriores visitas do FCP ao Estádio da Luz, os adeptos portistas conheceram um diferente sector visitante. Dá a ideia que existia uma intenção da organização de jogos do SLB em proporcionar as piores condições possíveis aos adeptos do Porto. O resultado final foi lamentável. Que sejam apuradas responsabilidades de um lado e de outro. Mas todos sabemos que a corda parte sempre do lado mais fraco, ou seja, do lado dos adeptos. Independentemente da cor clubística que ostentem.
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