domingo, 3 de fevereiro de 2008

Carnaval Argentino

Na senda do brilhantismo exibicional de Alvalade, o Porto conseguiu contra o Leiria exprimir o verdadeiro futebol total, juntando golos à excelência de coordenação de meios. O Leiria foi presa tenra para um Dragão ávido de golos depois de ter pressentido um banquete no covil leonino e de lá ter saído com a barriga vazia. Quatros golos marcados, Farías em excelente plano, Bosingwa também marca, Castro estreou-se, a magia de Quaresma deixou todos boquiabertos, impossibilitando qualquer esboço de assobio, Lisandro continua a facturar, Helton já esqueceu a noite má. Em suma, voltou tudo à normalidade. Que pedir mais, então? O Tricampeonato, obviamente! E quanto mais cedo melhor.

O esforço dos atletas do Futebol Clube do Porto não foi inglório como na jornada anterior. A postura foi seríssima, mesmo jogando contra o último classificado. Houve determinação para se demonstrar em campo que, de facto, Lisboa conheceu no fim-de-semana transacto toda a sorte que podia aspirar conhecer. Em contrapartida, o Porto provou também que tanto infortúnio junto só podia manifestar-se muito de longe a longe. Assim, o Porto deu a manifestação cabal de que não tem rival à altura na Liga portuguesa. Aliás, mesmo tendo perdido na semana anterior o Porto eliminou qualquer dúvida sobre quem é a melhor equipa portuguesa da actualidade.

Este jogo contra o Leiria serviu para queimar mais uma etapa rumo ao ansiado Tricampeonato. E como em época de Carnaval ninguém pode levar a mal, Bosingwa, que é sempre leal e cordial com os adversários que lhe aparecem pela frente, fez uma brincadeirinha a Fernando, guarda-redes do Leiria. Admitamos que Farías desviou, em fora-de-jogo, a bola de Fernando, impossibilitando-o de defender. Mas como bom brasileiro que é, Fernando já deve estar habituado a estas pequenas partidinhas de carnaval. Helton que o diga, pois fizeram-lhe, em Alvalade, uma partida de Carnaval antecipada, imagine-se!

Mesmo com o Brasil ao seu lado, desconhece-se qualquer tradição importante relacionada com o Carnaval na Argentina. Porém, e sendo certamente influenciados pelos muitos brasileiros do plantel, os argentinos do Porto quiseram entrar na festa. Não tendo o Leiria seguranças que pudessem barrar a euforia carnavalesca dos argentinos do Porto, Lucho, Farías e Lisandro desfilaram no Dragão com muitas ganas e os dois últimos irromperam mesmo baliza adentro. Ainda que com um toque português e brasileiro, foi o clã argentino do Porto a mostrar apetência para brilhar nesta quadra festiva, cristalizando-se como verdadeiros reis do Carnaval deste ano. E ninguém tem que levar a mal esta coroação, nem o Leiria, nem os eternos rivais do Porto. O que é nacional é bom, mas desta feita há que haver uma rendição relativamente às qualidades dos argentinos. Eles, tal como é próprio da essência do Porto, são daqueles que gostam sempre de “salir a ganar”. Quando assim é, portugueses, espanhóis ou quaisquer outros só têm que reconhecer a sua excelência. Ninguém pode levar a mal o sucesso dos argentinos do Porto no Carnaval deste ano. Todavia, suspeito que muita gente em Portugal vá ficar um tanto ou quanto jodida se houver festa de arromba no Estádio do Dragão, lá para meados de Maio.

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