Inevitavelmente, o Porto cedeu os primeiros pontos na Liga. Algum dia teria de experimentar outro resultado que não a vitória. Todavia, teria sido esplêndido igualar o recorde de vitórias consecutivas do clube, cifrado em treze triunfos. O Porto neste arranque de Liga somou oito vitórias em oito jogos. Uma marca fantástica, tanto mais que constituiu o melhor arranque dos últimos 50 anos! O Porto continua a ser a candeia que vai à frente, para desgosto de muitos que temem pela ofuscação (leia-se desinteresse) total da Liga portuguesa. Pobrezinhos deles....
O Belenenses provou no Dragão que a campanha que efectuou na época transacta não foi fruto do acaso. Com uma defesa eficiente e com um valoroso meio-campo, a equipa de Belém apresentou-se bem organizada, neutralizou alguns pontos fortes do Porto e efectuou uma notável troca de bola, criando alguns embaraços à defesa do Porto. Os Bicampeões Nacionais não estiveram particularmente inspirados, principalmente na primeira parte. A lesão de Lucho González logo nos minutos iniciais dificultou a normal laboração de toda a estrutura do FCP. O argentino é uma unidade nuclear e a substituição forçada deixou a equipa órfã do seu líder.
Sem praticar um futebol deslumbrante, o Porto criava oportunidades de golo junto da baliza de Costinha. O golo apareceu como resultado da maior insistência atacante do Porto. Ludibriando os defesas do Belenenses e a equipa de arbitragem, Postiga apareceu cara-a-cara com Costinha e marcou o primeiro golo do jogo. O trio de arbitragem não teve uma noite feliz, sendo a pior das equipas em campo.
Depois de ter feito o mais difícil, o Porto tentou a obtenção de mais um golo que lhe conferisse uma maior estabilidade na partida. Todavia, foi o Belenenses que aproveitou uma falha defensiva do Porto para igualar. José Pedro fugiu a Cech e já em desequilíbrio colocou a bola fora do alcance de Helton. O Porto tentou de todas as formas e feitios alcançar a vitória mas não a conseguiu. Mérito para o Belenenses. O empate acabou por premiar a bravura com que os lisboetas defenderam. A atitude dos atletas do Porto foi inexcedível. Não faltou luta, não faltou vontade, não faltaram oportunidades. De cada vez que o Porto descia para a baliza de Costinha parecia que ia marcar. Porém, a sorte ontem já tinha escolhido o azul de Belém como o preferido. Aconteceu um empate que em nada belisca a valia do Porto e a competência da sua equipa técnica.
Pressentia-se que havia gente ávida por um deslize, nem que fosse mínimo, para imediatamente atacar Jesualdo Ferreira. Como será que vivem quando ele ganha, que é o que acontece na maior parte das vezes? Serve isto para dizer que a série consecutiva de oito vitórias não caiu do céu por obra e graça do Espírito Santo. Este belo registo foi o culminar do trabalho e da qualidade dos atletas e da equipa técnica. Não serão uns quaisquer ingratos que branquearão esta brilhante saga inicial do Dragão. Felizmente, há gente que continua a sentir o clube para lá das caras, das performances e dos resultados. Há gente que entende que jamais um empate servirá como móbil para desamparar o clube. Porto, há e haverá sempre um núcleo de irredutíveis que estarão em todos os momentos contigo. Eu e tu seremos inseparáveis, até «o meu corpo matar a fome às rosas!».
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