sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Uma mentira em forma de resultado

A Côte d’Azur ficou ainda mais deslumbrante com a classe que o FC Porto levou a França. O Bicampeão Nacional teve uma entrada de Dragão no jogo. Só com muita fortuna o Marselha não perdeu. Um grande jogo, com ambas as equipas a lutarem pela vitória, mas com claríssimo ascendente do Porto. Nesta deslocação, o Porto empatou mas poderia ter voltado à Invicta com uma vitória incontestável. Flagrante injustiça e tão difícil de aceitar.

Jesualdo reservou uma surpresa, não só para os marselheses mas também para todos os portistas. Mariano integrou o onze inicial contra todas as expectativas. Tarik tem sido o escolhido e tem dado conta do recado, com maior ou menor fulgor físico. Mariano não foi, neste jogo, o jogador que o Porto precisava. Algo atabalhoado, sem confiança e ritmo, Mariano esteve sempre desenquadrado do resto da equipa. Previsivelmente, acabou por ser substituído ao intervalo.

Na trepidante atmosfera do Vélodrome, o Porto entrou com um vigor assinalável. Sentia-se que respirava confiança e que possuía a responsabilidade e o carácter fundamentais para discutir o resultado nestes grandes jogos. Comandado por Lucho González, o Porto chegava muitas vezes à baliza do Marselha. Raul Meireles, outra unidade do meio-campo, teve em grande foco na primeira parte ao conseguir enviar duas bolas ao mesmo poste! Mandanda ainda tocou ligeiramente na bola em ambos os remates e coadjuvado pelos postes consumou dois verdadeiros milagres para o Marselha. Nos primeiros 45 minutos, o Marselha sentia-se certamente tonto com o carrossel do Porto. O Marselha estava encostado às cordas, dependente da sorte ou da misericórdia do Porto. Foi mesmo por pura sorte que o Marselha não caiu estendido no tapete ainda antes do intervalo.

O apagado Mariano deu o seu lugar a Postiga. O Porto apostava tudo em alcançar o justo golo que lhe foi negado na primeira parte. A superioridade do Porto sobre o Olympique mantinha-se no início da segunda metade e teimosamente também perdurava a inviolabilidade das redes de Mandanda. Lisandro López, Quaresma e Postiga tiveram neste arranque situações flagrantes para marcar, mas por mérito do guarda-redes ou por imperfeição dos remates o marcador não mexia.

O sentimento de injustiça agudizava-se. O Porto dominava a partida em todos os aspectos e jogava melhor do que o Marselha. Mas faltava o golo para validar oficialmente essa “vantagem”, que no fundo não valia de nada. Quando parece que adivinhamos o que vem a seguir no futebol, este troca-nos as voltas e relembra-nos o porquê de ser surpreendente e fascinante. Tudo se encaminhava para que o Porto mais tarde ou mais cedo marcasse, mas quem marcou mesmo foi o adversário. Niang desviou um cruzamento de Cissé e fez balançar as redes de Helton. É certo que o Marselha estava mais interventivo na partida, mesmo este golo sabia a injustiça suprema. Recorde-se que Niang contou com a falta de rigor do árbitro pois merecia ter sido expulso ainda na primeira parte.

O Porto não se deixou abater e continuou a lutar para repor a justiça mínima no marcador. Esta acabou por chegar através de uma grande penalidade. Lisandro foi derrubado dentro da área por Mandanda e Lucho encarregou-se da cobrança certeira do penalty. Atendendo à produção do Porto, este resultado é extremamente enganador. Todavia, para as contas do grupo A, empatar em Marselha foi um bom resultado. Espera-se somente que no Porto-Marselha seja reposta no marcador do Dragão a verdade que faltou no marcador do Vélodrome.

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