Coração de Dragão: Aloísio Pires Alves

Aloísio Pires Alves nasceu no Brasil, em Pelotas, no dia 16 de Agosto de 1963. Formado no Internacional de Porto Alegre, Aloísio cedo mostrou destreza na sua posição natural em campo: defesa-central. Aloísio despontou para o futebol no clube do Rio Grande do Sul, sendo a sua qualidade notada em todo o Brasil quando a Confederação Brasileira de Futebol o seleccionou para os Jogos Olímpicos de Seul. O Brasil de Aloísio alcançaria a medalha de prata na competição. Apesar de não se ter sagrado Campeão Olímpico, Aloísio fez o suficiente nas Olimpíadas para que as suas exibições ficassem na retina dos emissários do Barcelona. Dois anos depois dos Jogos Olímpicos de Seul, o Barcelona contrata Aloísio. No entanto, Cruyff tão depressa se encantou com o central brasileiro como rapidamente o descartou, em favor de... Ronald Koeman. Atento, Artur Jorge, então treinador do Porto, sugeriu a vinda de Aloísio para as Antas. Chegava, assim, por empréstimo aquele que, mais tarde, se viria a tornar um verdadeiro símbolo do FC Porto. Aloísio chegava a Portugal apostado em fazer uma boa temporada, de modo a poder sonhar com o regresso à Catalunha. Porém, só a primeira parte se concretizou. Aloísio confirmou as expectativas relativamente à sua craveira futebolística e deliciou os responsáveis e adeptos portistas. No Barcelona era dado como transferível e o Porto conseguiu chegar a acordo com o clube espanhol para ficar definitivamente com o zagueiro brasileiro.

Aloísio conquistou o coração de todos no FC Porto, tanto na vertente desportiva como humana. No centro da defesa, começou por jogar ao lado de Geraldão. Solidificou o seu estatuto de titular, formando depois duplas com Fernando Couto, José Carlos e Paulo Pereira, que muito beneficiaram da experiência obtida ao lado de Aloísio. Por fim, Jorge Costa teve em Aloísio o grande mestre. Formaram um dupla de centrais histórica no clube, uma das mais duradouras e também uma das mais eficientes de sempre. Aloísio e Jorge Costa eram quase intransponíveis.

Em 11 anos de FC Porto, Aloísio conseguiu a extraordinária marca de 7 títulos de Campeão conquistados. Saliente-se que Aloísio contribuiu pessoalmente para cada um dos cinco títulos consecutivos que fizeram do Pentacampeonato um marco histórico em Portugal. Como se não bastasse, Aloísio foi o jogador do Porto mais utilizado nesses cinco anos de glória. Efectuou 149 jogos, mais três do que Drulovic. Fantástico! O central brasileiro conseguiu ainda levantar sete Supertaças Cândido de Oliveira e quatro Taças de Portugal. 18 troféus conquistados em Portugal em onze anos ao serviço do FC Porto fizeram de Aloísio o jogador estrangeiro com maior número de títulos no futebol português.

Aloísio exibia-se com uma serenidade e classe imperiais, apresentando uma regularidade impressionante! Um central elegante que na osmose com os seus companheiros de posto encontrou a fórmula certa, ideal, para levar o clube ao sucesso. Aloisío desarmava os adversários de uma forma impecável, cometendo raríssimas faltas. Sobressaía nele uma lealdade ímpar, uma correcção extrema nas disputas com o avançado, enfim, um comportamento exemplar. O seu modo se jogar era sensacional! Pelo facto de ter sido um jogador que preservava os princípios do jogo limpo, Aloísio elevava ainda mais a sua extraordinária capacidade enquanto atleta, que era seguramente de classe mundial! Isso ficou, aliás, comprovado quando a FIFA o convidou para representar uma das suas equipas de estrelas em 25 de Abril de 2000. Aloísio terminou a sua carreira no Porto, apesar dos apelos oriundos do Brasil e principalmente do Japão. Findada a actividade como jogador, Aloísio ingressou nos quadros técnicos do Porto. Aloísio Pires Alves confessou, após o início das suas novas funções, que o seu grande desejo, nesta sua nova fase da vida, era poder, um dia, treinar o seu clube do coração: o Internacional de Porto Alegre. Em suma, Aloísio é, para mim, titular no melhor onze de sempre da História do FC Porto e, não obstante a sua paixão pelo Internacional de Porto Alegre, o antigo central portista tem garantidamente “coração de dragão”. A sua dedicação ao Futebol Clube do Porto prova-o.